Mentiras o livro
Editora Nós — 2016
Sinopse da Editora Nóz
Os deuses da literatura advertem que não é recomendável escrever romances maiores do que a vida antes dos 30 anos. E quando alguém propõe um diálogo, em todas as acepções da palavra, com Philip Roth, para muitos o maior escritor vivo em língua inglesa? E ainda mais em um romance de estreia?
Pois é exatamente isso que Felipe Franco Munhoz nos entrega em ‘Mentiras’. Seu ambicioso objetivo é tecer, com a ajuda das mãos de Roth, o livro-travesseiro da sua vida, um travesseiro tecido com a coloração perfeita do fio.
Seria um tanto reducionista afirmar que Philip Roth é apenas o alter ego ou o duplo de Felipe. E tampouco ele e sua obra é somente aquele/aquilo com quem se ‘conversa’ nas tardes de um café imaginário. Ao desaparecer um dentro do outro, eles são, a um só tempo, autor, personagem e leitor na construção deste romance de admirável fluidez formal, que nos remete não somente ao modernismo anglo-saxão, mas também aos exercícios do nouveau roman e à dramaturgia de Pirandello.
Por sua vez, as personagens-títeres Thaís e Marina representam, em seus contrastes, a dicotomia daquilo que se costumava chamar de tradição judaico-cristã, o que certamente é um espelhamento às avessas de um dos temas recorrentes da obra de Roth, com seus judeus às voltas com shiksas.
Mas tanto elas, quanto os Felipes ou nós, os leitores, todos somos lembrados da experiência da alteridade por excelência que é a forma romanesca. ‘Mentiras’ é um instigante e erudito work in progress, conduzido com irresistível malícia, a ‘palavra-pirâmide’ que, não por acaso, é a preferida do autor. Em suma: um misto delicioso de diversão e arte.
ISBN-13: 9788569020073
ISBN-10: 8569020074
Ano: 2015 / Páginas: 208
Idioma: português
Editora: Nós
Comentário de Simone Paulino
Os deuses da literatura advertem que não é recomendável escrever romances maiores do que a vida antes dos 30 anos. E quando alguém propõe um diálogo, em todas as acepções da palavra, com Philip Roth, para muitos o maior escritor vivo em língua inglesa? E ainda mais em um romance de estreia?
Pois é exatamente isso que Felipe Franco Munhoz nos entrega em ‘Mentiras’. Seu ambicioso objetivo é tecer, com a ajuda das mãos de Roth, o livro-travesseiro da sua vida, um travesseiro tecido com a coloração perfeita do fio.
Seria um tanto reducionista afirmar que Philip Roth é apenas o alter ego ou o duplo de Felipe. E tampouco ele e sua obra é somente aquele/aquilo com quem se ‘conversa’ nas tardes de um café imaginário. Ao desaparecer um dentro do outro, eles são, a um só tempo, autor, personagem e leitor na construção deste romance de admirável fluidez formal, que nos remete não somente ao modernismo anglo-saxão, mas também aos exercícios do nouveau roman e à dramaturgia de Pirandello.
Por sua vez, as personagens-títeres Thaís e Marina representam, em seus contrastes, a dicotomia daquilo que se costumava chamar de tradição judaico-cristã, o que certamente é um espelhamento às avessas de um dos temas recorrentes da obra de Roth, com seus judeus às voltas com shiksas.
Mas tanto elas, quanto os Felipes ou nós, os leitores, todos somos lembrados da experiência da alteridade por excelência que é a forma romanesca. ‘Mentiras’ é um instigante e erudito work in progress, conduzido com irresistível malícia, a ‘palavra-pirâmide’ que, não por acaso, é a preferida do autor. Em suma: um misto delicioso de diversão e arte.
ISBN-13: 9788569020073
ISBN-10: 8569020074
Ano: 2015 / Páginas: 208
Idioma: português
Editora: Nós
Comentário de Simone Paulino
Mentiras
12 de fevereiro de 2016
Dizem que no Brasil o ano começa depois do Carnaval, o que não é de todo verdade, nem tampouco de todo mentira. Mas nós que aqui estamos, tivemos que guardar e aguardar para fazer o anúncio do nosso primeiro lançamento de 2016. Em vez de escrever esse post em 1 de fevereiro, como de praxe, deixe-o para agora, 11 de fevereiro, quando as ruas já estão lavadas da folia e as mentes começam a se preparar para alguma quietude.
Por aqui, fomos tomados por uma ansiedade difícil de segurar. Algo parecido com aquela sensação que a gente tem enquanto espera os primeiros convidados de uma festa, ensaia um encontro, ou vê na curva seguinte a ponta do mar quando estamos indo pra praia. Sim, porque a sensação de livro novo chegando tem esse parentesco com as coisas boas da vida.
Mas o mais delicioso em todo o processo de feitura de um livro (se é que se pode escolher entre o bom e o melhor) é perceber um prazer que parecia só seu tomando conta das pessoas envolvidas na produção. O revisor que se apaixona pelas provas a ponto de revisá-las a lápis com uma delicadeza comovente. O redator do texto de orelha que escreve à meia-noite dizendo que quer deixar o texto descansar até a manhã seguinte e no último momento quer substituir uma palavra por outra mais exata. A designer que ajusta o travessão com a precisão de um relojoeiro. E, por fim, o autor, que escreve de madrugadinha para agradecer a emoção de receber aquele envelope deixado na portaria e que contém em 200 e poucas páginas o sonho de uma vida inteira.
Eu sei que às vezes me repito, mas é que, de verdade, cada livro da Nós me parece o mais lindo, o mais importante, o mais especial. Com o “Mentiras”, romance de estréia do Felipe Franco Munhoz, também é assim.
Quem me conhece sabe que tenho um certo fetiche por livros: o cheiro, a textura da capa, a gramatura do pólen ou do papel alta alvura, tudo para mim conta. Ler pra mim é uma experiência sensorial, de modo que me exasperam livros mal feitos, grosseiros e sem vida. Nada me inebria mais que uma página recém-impressa. Daí também minha imensa dificuldade de gostar de sebos, embora reconheça a importância que têm na circulação dos livros através dos tempos. Mas nada na vida me faz levar um livro “seboso” para a cama, por exemplo. Imagina, deixar um livro que passou por tantas mãos se escorregar por entre os meus lençóis branquíssimos!
Da mesma maneira, sofro um pouco ao ler originais porque ou estão em arquivos digitais, ou impressos na forma de trabalho acadêmico, folha A4, encadernado em espiral. Só que com o “Mentiras”, aconteceu uma coisa inédita. Quando dei por mim, estava carregando o original – A4 espiral – para cima e para baixo, como quando carrego na bolsa o livro que estou lendo e do qual não quero me separar. E à noite, para meu próprio espanto, levei o original pra cama porque não queria parar de ler! Na manhã seguinte, escrevi para o Felipe dizendo: vou publicar.
Agora, o “Mentiras” chega aos leitores, lindamente composto pela Bloco Gráfico, a melhor equipe de designers do meu mundo-livro, e com recomendações certeiras de ninguém menos que Paulo Henriques Britto, José Castello e Marcelino Freire. Espero que o “Mentiras” fascine a todos tanto quanto nos fascinou.
Dizem que no Brasil o ano começa depois do Carnaval, o que não é de todo verdade, nem tampouco de todo mentira. Mas nós que aqui estamos, tivemos que guardar e aguardar para fazer o anúncio do nosso primeiro lançamento de 2016. Em vez de escrever esse post em 1 de fevereiro, como de praxe, deixe-o para agora, 11 de fevereiro, quando as ruas já estão lavadas da folia e as mentes começam a se preparar para alguma quietude.
Por aqui, fomos tomados por uma ansiedade difícil de segurar. Algo parecido com aquela sensação que a gente tem enquanto espera os primeiros convidados de uma festa, ensaia um encontro, ou vê na curva seguinte a ponta do mar quando estamos indo pra praia. Sim, porque a sensação de livro novo chegando tem esse parentesco com as coisas boas da vida.
Mas o mais delicioso em todo o processo de feitura de um livro (se é que se pode escolher entre o bom e o melhor) é perceber um prazer que parecia só seu tomando conta das pessoas envolvidas na produção. O revisor que se apaixona pelas provas a ponto de revisá-las a lápis com uma delicadeza comovente. O redator do texto de orelha que escreve à meia-noite dizendo que quer deixar o texto descansar até a manhã seguinte e no último momento quer substituir uma palavra por outra mais exata. A designer que ajusta o travessão com a precisão de um relojoeiro. E, por fim, o autor, que escreve de madrugadinha para agradecer a emoção de receber aquele envelope deixado na portaria e que contém em 200 e poucas páginas o sonho de uma vida inteira.
Eu sei que às vezes me repito, mas é que, de verdade, cada livro da Nós me parece o mais lindo, o mais importante, o mais especial. Com o “Mentiras”, romance de estréia do Felipe Franco Munhoz, também é assim.
Quem me conhece sabe que tenho um certo fetiche por livros: o cheiro, a textura da capa, a gramatura do pólen ou do papel alta alvura, tudo para mim conta. Ler pra mim é uma experiência sensorial, de modo que me exasperam livros mal feitos, grosseiros e sem vida. Nada me inebria mais que uma página recém-impressa. Daí também minha imensa dificuldade de gostar de sebos, embora reconheça a importância que têm na circulação dos livros através dos tempos. Mas nada na vida me faz levar um livro “seboso” para a cama, por exemplo. Imagina, deixar um livro que passou por tantas mãos se escorregar por entre os meus lençóis branquíssimos!
Da mesma maneira, sofro um pouco ao ler originais porque ou estão em arquivos digitais, ou impressos na forma de trabalho acadêmico, folha A4, encadernado em espiral. Só que com o “Mentiras”, aconteceu uma coisa inédita. Quando dei por mim, estava carregando o original – A4 espiral – para cima e para baixo, como quando carrego na bolsa o livro que estou lendo e do qual não quero me separar. E à noite, para meu próprio espanto, levei o original pra cama porque não queria parar de ler! Na manhã seguinte, escrevi para o Felipe dizendo: vou publicar.
Agora, o “Mentiras” chega aos leitores, lindamente composto pela Bloco Gráfico, a melhor equipe de designers do meu mundo-livro, e com recomendações certeiras de ninguém menos que Paulo Henriques Britto, José Castello e Marcelino Freire. Espero que o “Mentiras” fascine a todos tanto quanto nos fascinou.
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